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2012 - Livro Vermelho 2013

Butia capitata (Mart.) Becc. VU

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 12-07-2012

Criterio: A4cd

Avaliador: Pablo Viany Prieto

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Butia capitata é uma palmeira endêmica do Cerrado, cuja distribuição geográfica em grande parte coincide com algumas das regiões que mais rapidamente vêm sendo desmatadas dentro do Bioma, como o oeste baiano. A espécie também sofre com uma elevada pressão de atividades extrativistas, as quais restringem ou mesmo impossibilitam o recrutamento de novos indivíduos em algumas subpopulações. Estima-se que o tempo de geração da espécie seja de pelo menos 15 anos. Assim, considerando ointenso desmatamento dos seus habitats e a exploração sistemática a que vem sendo submetida, é possível suspeitar que um período de 45 anos, incluindo tanto o passado quanto o futuro imediatos, seja suficiente para que B. capitata sofra um declínio populacional de pelo menos 30%, caso nenhuma das ações necessárias à conservação da espécie seja efetuada.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Butia capitata (Mart.) Becc.;

Família: Arecaceae

Sinônimos:

  • > Butia bonnetii ;
  • > Butia capitata subsp. eucapitata ;
  • > Butia capitata var. rubra ;
  • > Calappa capitata ;
  • > Calappa leiospatha ;
  • > Cocos capitata ;
  • > Cocos elegantissima ;
  • > Cocos leiospatha ;
  • > Cocos leiospatha var. angustifolia ;
  • > Syagrus capitata ;
  • > Butia capitata var. nehrlingiana ;
  • > Butia capitata subsp. eucapitata ;
  • > Cocos capitata var. leiospatha ;
  • > Cocos liliaceifolia ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Espécie descrita na obra Agris. Colon. 10: 504. 1916. Conhecida popularmente como "butiá-azedo", "butiá-vinagre", "butiá", "cabeçudo" e "guariroba-do-campo". B. capitata não deve ser confundida com B. odorata, característica de regiões de restinga do sul do Brasil. A espécie foi originalmente coletada em Minas Gerais e se caracteriza por seu endocarpo grande e fusiforme e, notavelmente, maior que o endocarpo globoso de B. odorata (Lorenzi et al., 2010).

Potêncial valor econômico

Lima (2011) afirma que a Cooperativa Grande Sertão, na região norte de Minas Gerias, comercializa a polpa do fruto da espécie, processada, sendo vendida a R$12,00/Kg.

Dados populacionais

Mercadante-Simões et al. (2006) afirma que no município de Montes Claros a concentração de indivíduos é alta. Os autores conduziram o trabalho com 52 indivíduos selecionados aleatoriamente. Lima (2011) realizou trabalho de dinâmica populacional com três subpopulações da espécie em áreas de extrativismo no norte de Minas Gerais, no municípios de Montes Claros, Mirabela e Serranópolis de Minas, contabilizando 658, 1216 e 3932 indivíduos respectivamente, sendo 274, 360 e 390 indivíduos reprodutivos em cada uma das subpopulações. O autor ainda afirma que nas duas subpopulações (Mirabela e Serranópolis) as quais o estudo de dinâmica populacional foi conduzido apresentaram uma taxa de 60% de sobrevivências de plântulas.

Distribuição

A espécie é endêmica do Brasil, de ocorrência em Cerrado, nos Estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais (Leitman et al., 2012).

Ecologia

Palmeira de estipe simples, monóica com 3 a 5 m de altura (Mercadante-Simões et al., 2006), de comportamento heliófito (Lima, 2011). A difícil ocorrência de sincronia entre as fenofases masculinas e femininas, em uma mesma planta, contribuem para a xenogamia em B. capitata, o que torna necessário a manutenção de vários indivíduos para que ocorra a polinização, viabilizando a conservação da população (Mercadante-Simões et al., 2006). Segundo Lima (2011), a espécie floresce entre março e setembro e frutifica entre junho e janeiro, sendo que a semente pode demorar até dois anos para germinar.

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes B. capitata está sujeita a sérios riscos quanto à manutenção das suas subpopulações no norte de Minas Gerais devido ao desmatamento (Mercadant-Simões et al., 2006).

1.3.4 Non-woody vegetation collection
Detalhes B. capitata está sujeita a sérios riscos quanto à manutenção das suas subpopulações no norte de Minas Gerais devido ao extrativismo predatório (Mercadant-Simões et al., 2006)

8.3 Prey/food base
Detalhes B. capitata está sujeita a sérios riscos quanto à manutenção das suas subpopulações no norte de Minas Gerais, devido ao consumo de suas flores e frutos por bovinos e eqüinos, uma vez que a planta apresenta floração em plena época seca e a inflorescência se torna alternativa alimentícia ao pasto seco (Mercadant-Simões et al., 2006). Os mesmos autores ainda afirmam que o consumo é facilitado devido ao fato da grande maioria das palmeiras ser de pequeno porte, e a coloração amarelada das flores se destacar entre o verde das folhas do Butia capitata. Em muitos casos, a intensidade de pastejo deste recurso é quase total, diminuindo ou até impossibilitando a produção de frutos por muitas plantas.

1.3.4 Non-woody vegetation collection
Detalhes Mercadante-Simões et al. (2006) afirmam que o extrativismo dos frutos realizado pelas populações tradicionais configura uma ameaça a propagação da espécie. Normalmente, todos os frutos são coletados, restringindo a disponibilidade de alimento para a fauna local e a formação de bancos de sementes, que poderiam contribuir na sucessão da população. Deste modo, existe o comprometimento da manutenção da espécie como um todo.

3.1.1 Subsistence use/local trade
Detalhes Segundo Lima (2011) a valorização de um produto junto ao mercado regional pode gerar uma sobre-exploração deste recurso, seja pelo aumento na intensidade de coleta ou pelas técnica de manejo empregadas.

1.3 Extraction
Detalhes Segundo Lima (2011), o uso da terra, assim como o histórico de extrativismo de frutos e a formação vegetacional de cada região estudada pelo autor podem ter influenciado na estrutura populacional da espécie. O autor afirma que este fato é corroborado pela variação na densidade de plântulas e na proporção de estádios entre as subpopulações.

1.1.4.3 Agro-industry
Detalhes Lima (2011) supõe que a menor densidade de plântulas em Mirabela pode estar relacionada ao recente histórico de intensa exposição a herbivoria e pisoteio pelo gado. O autor afirma que este fato pode prejudicar o recrutamento de plântulas, danificar estrutura vegetativas, acelerar a degradação física e química do solo, além de provocar lixiviação e escoamento superficial de nutrientes.

1.3.4 Non-woody vegetation collection
Detalhes Em Montes Claros, a baixa densidade de plântulas pode estar relacionada a maior exposição da espécie a eventos de coleta. A exploração dos frutos vem acontecendo há mais de 30 anos, sendo o número de coletores maior do que nas outras duas localidades estudadas.

Ações de conservação

5.7 Ex situ conservation actions
Situação: on going
Observações: Existem sete indivíduos da espécie cultivados no arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Leitman, com. pess.). A espécie é cultivada no Jardim Botânico Plantarum (Instituto Plantaruym, 2011).

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: A espécie foi considerada "Em perigo" (EN) na Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).

3.8 Conservation measures
Situação: needed
Observações: Os mesmos autores afirmam que a difícil ocorrência de sincronia entre as fenofases masculinas e femininas, em uma mesma planta, contribuem para a xenogamia em B. capitata, o que torna necessário a manutenção de vários indivíduos para que ocorra a polinização, viabilizando a conservação da população (Mercadante-Simões et al., 2006).

Usos

Referências

- LEITMAN, P.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L. ET AL. Arecaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/>. Acesso em: 13 março 2012.

- CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, RIO GRANDE DO SUL. Decreto estadual CONSEMA n. 42.099 de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção no estado do Rio Grande do Sul e da outras providências, Palácio Piratini, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 31 dez. 2002, 2002.

- VICTOR VINÍCIUS FERREIRA DE LIMA. Estrutura e Dinâmica de Populações de Coquinho-azedo (Butia capitata (Mart.) Beccari; Arecaceae) em Áreas de Extrativismo no Norte de Minas Gerais, Brasil. Dissertação de Mestrado. : Universidade de Brasília, 2011.

- LORENZI, H.; NOBLICK, L.; KAHN, F. ET AL. Flora Brasileira - Arecaceae (Palmeiras). Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2010. 384 p.

- INSTITUTO PLANTARUM. Acervo Vivo: Jardim Botânico Plantarum. Disponivel em: <http://www.plantarum.org.br/jardim-botanico>. Acesso em: 13 de Março de 2012.

- ZONA, S. Additions to "A Review of Animal-mediated Seed Dispersal of Palms. Disponivel em: <http://www.virtualherbarium.org/palms/psdispersal.html>. Acesso em: 18 de Maio de 2012.

- MERCADANTE-SIMÕES, M. O.; FONSECA, R. S.; RIBEIRO, L. M. ET AL. Biologia Reprodutiva de Butia capitata (Mart.) Beccari (Arecaceae) em uma Área de Cerrado no Norte de Minas Gerais. Unimonte Cinetífica, v. 8, n. 2, 2006.

- FIOR, C. S.; RODRIGUES, L. R.; LEONHARDT, C. ET AL. Superação de Dormência em Sementes de Butia capitata. Ciência Rural, v. 41, n. 7, p. 1150-1153, 2011.

- FARIA, J.P.; ALMEIDA, F.; SILVA, L.C.R.D.; VIEIRA, R.F.; AGOSTINI-COSTA, T.D.S. Caracterização da polpa do coquinho-azedo (Butia capitata var capitata). Rev. Bras. Frutic., v. 30, n. 3, p. 827-829, 2008.

- LEITMAN, P. Comunicação da especialista Paula Leitman, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (RJ), para o analista Diogo Judice, pesquisador do CNCFlora, em 04/04/2012., 2012.

Como citar

CNCFlora. Butia capitata in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Butia capitata>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 12/07/2012 - 15:04:25